Reino Unido: Agência do Ambiente envenenará vários lagos para erradicar espécie de peixe exótica.
A Agência do Ambiente (Environment Agency) do Reino Unido vai envenenar propositadamente um conjunto de lagos para erradicar uma espécie de peixe exótica invasora. Apesar dos riscos para o ecossistema e potenciais prejuízos económicos que daí poderão resultar, as autoridades defendem que é a única forma de impedir que o peixe asiático se dissemine, colocando em causa os recursos pesqueiros de água doce da nação.
O Pseudorasbora parva é um pequeno peixe de água doce originário da China e Japão, que terá sido trazido para o Reino Unido como espécie ornamental, de aquário. Pensa-se, terá escapado acidentalmente de cativeiro tendo, em 1986 sido detetada a sua presença no meio silvestre pela primeira vez. Desde então, a área de distribuição da espécie no Reino Unido tem vindo a aumentar de forma rápida, abrangendo, atualmente 32 locais.
Apesar de não superar os 8 cm de comprimento, o Pseudorasbora parva é uma espécie dominante que compete tanto com as espécies de peixe nativas, como com os mamíferos e, para além disso, pode ser portadora de uma doença fatal para peixes com valor comercial, como a truta e o salmão. Deste modo, a espécie constitui uma ameaça para os ecossistemas e pode colocar em causa a pesca nos ambientes aquáticos continentais.
Perante o enorme impacto da proliferação do Pseudorasbora parva pelos corpos de água doce do Reino Unido, foi decidida a sua erradicação. Depois dos ensaios de pesca elétrica terem falhado foi testado com sucesso o uso de um veneno para peixes, em 2005.
“O único método eficaz passa pela utilização de um veneno para peixes”, Matt Brazier, consultor técnico da Agência do Ambiente do Reino Unido. “Trata-se de um químico orgânico que tem como alvo específico os peixes na água, não sendo nocivo para mamíferos ou aves”.
O procedimento é constituído por várias etapas: inicialmente, os peixes autóctones são capturados com recurso a redes e transferidos para um tanque; o segundo passo é a introdução de veneno na água usando "sprays" a jato a partir de barcos especiais e "hovercrafts"; numa terceira fase os peixes nativos são devolvidos ao lago várias semanas depois da libertação do veneno, que entretanto se desintegrou.
“O nosso objetivo é, entre hoje e 2017, erradicar o Pseudorasbora parva e eliminar a ameaça que constitui”. Em 2013, serão seis os locais “tratados”, refere Matt Brazier.
Por seu lado, Mark Lloyd, da associação conservacionista Angling Trust considera “Embora o envenenamento de corpos de água possa parecer extremo, os fins justificam os meios” já que “se o Pseudorasbora parva se espalhar pelos nossos rios, causará um desastre ecológico no que diz respeito às pescas”.
No entanto, há quem tenha manifestado o seu desacordo. Com efeito, já se fizeram ouvir críticas que apontam para potenciais efeitos nocivos do veneno noutras espécies aquáticas, como os invertebrados, tendo sido sugerido que as massas de água podem levar anos a recuperar, o que seria desastroso para a indústria das pescas.
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